Matheus Brito #CreateTheFuture

Como você começou a ilustrar e como chegou no seu processo criativo?

Desenho desde criança. Dentro da minha trajetória o estilo pessoal de ilustração que desenvolvi é bem recente. Sempre tive interesse em buscar diferentes traços, e dificuldade em me apegar e desenvolver um volume de trabalho a partir de algum deles. Inclusive, muitas vezes já finalizada a ilustração, percebia que não havia mais apego ou identificação nenhuma por ela. No momento em que percebi como me cativava acessar a realidade e cultura de outros ilustradores que desenvolviam trabalhos para além de uma temática mainstream, americanizada e assim por diante, consegui definir melhor meu papel como ilustrador. Colocar o Brasil nas minhas ilustrações adicionou propósito e relevância para o que eu faço - inclusive pensar na forma, em como representar visualmente essa realidade e personagens também com um traço que eu me identificasse como brasileiro, foi um processo interessante. Se eu tentasse sintetizar a realidade nacional em três palavras eu faria: trabalho, violência e festa. O aspecto do "trabalho", por exemplo, foi o que definiu a forma que seria representada a figura humana: personagens fortes e volumosos, as mãos ganham destaque enquanto o rosto não. A pessoa vista como ferramenta e não como indivíduo.

Qual sua técnica preferida e como você a aprimorou?

Gosto de misturar os limites duros das formas com gradientes que criam volume. Inicio o desenho no papel ou Ipad, vetorizo as formas no Illustrator e depois utilizo brushes no Photoshop.

Qual foi seu projeto mais desafiador até agora?

Foi anterior ao desenvolvimento do estilo de ilustração com que venho trabalhando. Participei da elaboração de um videoclipe para o MC Kevin O Chris. Não havia ainda nem ilustrado para animação e o prazo estava apertadíssimo.

Qual a sua visão sobre o futuro da criatividade?

É uma pergunta bem difícil. A criatividade tem potencial para solucionar qualquer questão, propor o novo e transformar a realidade. Infelizmente vejo ela muito subjugada ao mercado e aos interesses. Sobre a criatividade, no que diz respeito à ilustração, um fato é que nunca consumimos tantas imagens quanto atualmente e isso pra mim é determinante na atividade de ilustradores, principalmente no contexto das redes sociais - ferramenta indispensável para o trabalho e por outro lado nem sempre fácil de se relacionar.

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